sábado, junho 12, 2004

AS ESPERANÇAS SE RENOVAM

AS ESPERANÇAS SE RENOVAM

Paccelli M. Zahler


Há muito pergunto sobre o que significa para mim a passagem do Ano Novo. Não encontro a resposta, só um sentimento místico.
De um modo geral, não me atrevo, nem tenho vontade de sair de casa a partir do meio-dia de 31 de dezembro. Assim me comporto há muitos anos.
Passo a tarde na expectativa da transmissão da corrida de São Silvestre pela TV.
Assistir a dedicação e o empenho dos corredores me reporta ao ambiente de trabalho. Naquele momento, costumo rememorar as tarefas concluídas e aquelas ainda em fase de conclusão. Porém, como o ano vai terminar, bebo algumas taças de vinho espumante e, por alguns momentos, medito sobre o que passou.
Para mim, é fundamental passar o Ano Novo com a família, de preferência, em um jantar à luz de velas, que significam a iluminação do caminho a ser trilhado.
Não se sabe se, na próxima comemoração, todos estarão presentes.
Pode parecer pessimismo ou pensamento negativo, contudo, é uma das leis da vida da qual não se pode fugir tampouco deixar de ser observada.
No último dia do ano, não costumo fazer planos ou promessas, muito menos simpatias. Entendo que os rumos da vida da gente resultam da disciplina, da persistência, das oportunidades e do acaso que, combinados, determinarão o sucesso ou o fracasso de uma empreitada.
Fora do círculo familiar, as coisas continuarão acontecendo como sempre. Não é preciso ser vidente, recorrer a Nostradamus, ao tarô ou ao jogo de búzios para fazer previsões.
O mundo assemelha-se a uma roda. Não é à toa que gira.
Todos os anos, chuvas provocam inundações, ventos e tufões derrubam casas, pessoas importantes e anônimas morrem, terroristas fazem atentados em metrópoles, a violência urbana tem aumentos sazonais, redes de corrupção são desbaratadas, curas para doenças são descobertas, inquéritos policiais são arquivados, maravilhamo-nos com fenômenos naturais.
O segredo é passar incólume por tudo isso, cultivando e renovando os ideais e esperanças.

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