segunda-feira, julho 12, 2004

LEMBRANÇAS DO MEU PAI

LEMBRANÇAS DO MEU PAI


Paccelli M. Zahler

A vida é sábia. Ela não nos dá uma bola de cristal para vislumbrarmos os acontecimentos futuros.
Diz a filosofia oriental que escolhemos onde, como e em que família queremos reencarnar. Mas isso não importa, pois a vida continua sendo um grande mistério.
E esse mistério nos leva a questionar o por quê da nossa existência.
Queiramos ou não, em algum momento da nossa vida fazemos esse questionamento, seja orando, meditando ou após uma experiência marcante.
Um dia tomamos consciência de pertencer a uma família e, nela, a presença de um pai.
E o que é um pai? O que é ser pai? Um gerador de filhos? O responsável pela manutenção da família? Aquele que cria filhos? Um estereótipo da estrutura social?
Crescemos e somos educados com a imagem do pai carinhoso, sério, justo, trabalhador, impoluto. Esta imagem acaba transformando nossos pais em ídolos. Por outro lado, nos assustamos ao saber que ele pode ficar estressado, pode errar, que ele é tão humano quanto nós.
No fundo, o que buscamos é um pai sábio, conselheiro, que nos mostre o caminho a seguir em nossos momentos de fraqueza ou dúvida. Entretanto, nem sempre os pais se preparam para ser o que os filhos esperam deles.
Creio já ter esgotado todo o rol de perguntas sobre pais.
Hoje, encontro conforto nas palavras da poetisa norte-americana Anne Sexton: “Não importa quem meu pai tenha sido, o que interessa é a minha lembrança de quem ele foi”.

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